Archive for the ‘Drama’ Category

Blow-up

fevereiro 28, 2008

Outro dia revi Blow-up (no Brasil, Depois Daquele Beijo), de Michelangelo Antonioni. 

Após aquela partida de tênis um tanto insólita, apareceu o The End e eu, mais uma vez, fiquei parado tentando absorver toda força daquele filme.  Antonioni não escolhe histórias para contar, prefere revelar mensagens, expor as angústias e os males que assolam intrinsecamente cada um ou até mesmo toda a sociedade. No meio dessa visão do mundo moderno, em pleno anos 60, ninho da revolução cultural e social, a contracultura fervilhava com idéias e questionamentos. Embora não seja porra-louca e nem tenha ecos da alma hippie, Blow-up é um das histórias mais fiéis de uma época, justamente por trazer um outro lado. Londres, onde se passa o filme, também é uma cidade fria e seca, e os anos 60, na verdade, estiveram mergulhados em um niilismo genuíno, reflexo dos ideais capitalistas e da globalização desenfreada. Com toda essa frivolidade, há certo distanciamento do que é real, do que verdadeiramente acontece. Com a estética em primeiro plano, as pessoas começam a basear sua realidade naquilo em que se é relatado, fotografado, gravado… E quando se vivencia nada é revelado aos olhos viciados.  

Em seu primeiro filme em língua inglesa, Antonioni não se deixa intimidar e mascara seu filme de uma maneira que todos gostariam de ver: um colorido exuberante, trilha sonora sensacional assinada por um alucinado Herbie Hancock e tudo que era moda naquela época. Uma jovem Jane Birkin até apareceu nua em um papel pequeno, chocando os mais puritanos em 66 (a Warner cortou inexplicavelmente essa cena do dvd, causando furor nos fãs). Mas na verdade, todas as seqüências e ângulos (que por si só já é uma aula de cinema) fazem enxergar além da primeira impressão.

Como Thomas (David Hemmings), o fotógrafo blasé, descobre através de um suposto assassinato: Não basta só ver, tem que enxergar.

Sangue Negro (There will be blood)

fevereiro 18, 2008

Sangue Negro é um filme difícil.

There Will Be Blood

Paul Thomas Anderson é um dos diretores que eu mais adimiro e essa foi minha maior(senão a única) motivação para comprar o ingresso, já que eu não acreditava que petróleo me manteria “alí” por 2 horas e meia. Puro preconceito meu.

A sequência inicial já mostra a que veio. Não espere o mesmo PT Anderson de outrora. A fotografia (tão caracteristica nos outros títulos do diretor) tem um cuidado único e grita a diferença. O ocre toma a tela de uma forma tão bela quanto no título nacional Abril Despedaçado. A ausência de fala nesse início nos apresenta Daniel Plainview (personagem de Daniel Day-Lewis), e sua determinação e sorte vão mudar o rumo da sua história. O corte é feito para anos depois, Daniel agora faz um discurso que nos mostra que sua realidade é outra (o close no ator durante o discurso é talvez a tomada que mais lembre o PT de antes).

A trama mostra as agruras do processo de extrasão do petróleo, e a ambição do Sr. Plainview vai crescendo junto a quatidade de barris que ele extrai. E a tradução nacional do título começa a fazer sentido, pois o sangue vai se misturan ao petróleo em vários momentos.

A entrada do(s) personagen(s) gêmeos – Paul e Eli Sunday – é confusa e é o unico senão do roteiro na minha opnião. Não há diferença entre eles. Poderia creditar esta falha ao ator Paul Dano, mas a sequência em que Eli exorcisa uma senhora com problemas de saúde é uma das mais belas de todo o filme.

Mas eu só estou comentando o que eu vi, porque se eu começar a descrever o que ouvi (ou não), falarei então do maior mérito do filme: a trilha. A trilha é esquisita, eu concordo. É também cansativa as vezes, eu concordo. Mas é dela o mérito dos momentos de maior tensão e conexão com quem está assistindo. Como durante explosão da torre, que se casa com a descoberta da surdês do filho. Foda demais.

O saldo final é positivo. Mas é preciso disposição e atenção para se aventurar nesta história que vai extrair de você questionamentos sobre fé e ambição.